Do Menino e o Mar ao NEOS

Toda história é feita de começo, meio e fim. Algumas trazem recomeços também. Novas sementes, mudas nutritivas, reflorescimento. É assim que se desenha nosso caminho nesse pedaço da mata atlântica, agora pertencente ao Coletivo Neos: recuperando as estruturas que foram destruídas e, por um tempo, esquecidas desde o antigo projeto O Menino e o Mar; reconstruindo o que há de belo e bom junto às comunidades e à natureza; criando novas relações e um novo jeito de viver (n)o mundo: com equanimidade, respeito, criatividade e liberdade de ser.

Linha do Tempo

• 2002 – inauguração do Centro Cultural O Menino e o Mar – idealizado pela diretora de teatro Ruth Escobar e projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake

• 2006 – embargo judicial – interdição do espaço e interrupção das atividades do projeto O Menino e o Mar

• 2008 – o espaço passa para a tutela de uma ONG de conservação de Ubatuba/SP

• 2008 a 2016 – período em que o espaço foi abandonado e depredado, causando danos custosos para sua reestruturação

• 2017 – aquisição do espaço (leilão público) por um grupo de pessoas – fundadoras do Coletivo Neos
  
  – nascimento do Instituto Neos para a Sociobiodiversidade

• 2018 – chegada de mais sócios, configurando a atual formação de 12 integrantes do Coletivo Neos

• 2019/2020 – reestruturação do espaço, com mutirões e muito trabalho em equipe
  
  – atividades educativas, recreativas, artístico-culturais, esportivas, socioambientais, terapêuticas, de turismo sustentável e de autoconhecimento

  Obs: com o advento da pandemia, interrompemos as atividades externas e nos concentramos no autocuidado (saúde física e mental), no plantio de alimentos e no trabalho de manutenção e recuperação do espaço.

Relato

Em fevereiro de 2017, forma-se o Coletivo Neos – 9 fundadores de diversas capacidades e dons se unem com a primeira missão de arrematar em um leilão judicial a antiga sede do projeto ´O Menino e o Mar´, impressionante projeto à beira do rio, sob as sombras de uma colina, a 200 metros da praia do Estaleiro em Ubatuba/SP. Tal obra foi a materialização de um sonho e resultado uma experiência de quase-morte da atriz e diretora de teatro Ruth Escobar, que queria deixar um legado para o futuro das crianças de Ubatumirim: acesso à cultura, artes e saberes como porta de acesso a um futuro melhor e mais justo.

 As construções foram feitas pelo arquiteto Ruy Ohtake, que imprimiu sua preocupação com a sustentabilidade social, construindo o Pavilhão do Menino Pescador em forma de peixe e o prédio da Onda como centro médico e educacional, teatro de arena, palco e quiosques para as oficinas culturais.

O local foi embargado pela justiça em 2006 e, desde 2008, permaneceu sob tutela de uma ONG de conservação de Ubatuba – porém, as ações em prol da manutenção e atividades com a comunidade da praia foram pouco efetivas. Quando o Coletivo tomou posse do terreno, constatou-se que as 9 construções haviam sido depredadas e saqueadas, tornando-se um depósito de escombros e com suas cercas arrombadas dando acesso a invasões e mau uso do espaço por desconhecidos.

Num primeiro momento, pós-leilão, tivemos o desafio de receber a notificação da tentativa de embargo por parte da Instituição que se ocupava do espaço anteriormente a nossa chegada, atrasando nossos cuidados e amor ao espaço por 10 meses. No entanto, nossos bons propósitos prevaleceram e o Ministério Público, com clareza, negou todas as tentativas de embargo.

Agora nosso foco é recuperar todas as estruturas, ressignificar a imagem do espaço junto à comunidade local e oferecer atividades e eventos que contribuam para uma sociedade e um mundo melhor.